Todo carnaval tem seu fim. E em "Uncharted 4: A Thief's End", game que chega nesta terça-feira (10), Nathan Drake leva seu bloco para a rua pela última vez. Mas tá tudo certo. O desfile não estoura o cronômetro, e o enredo dessa nova caça ao tesouro deixa o sambódromo PlayStation com uma retumbante nota.É brincadeira. O G1 não dá notas em suas críticas. Não se importe com isso.
O que você precisa saber é que apesar de não mexer na fórmula da série, e ser até um pouco previsível por causa disso, "Uncharted 4" é uma aventura com A maiúsculo.
A conclusão da saga de roubadas de Drake eleva a qualidade da ação e da emoção que impulsionou a série ao sucesso, trazendo também um muito bem-vindo aprofundamento dramático ao herói e aos personagens ao seu redor. E tudo isso acompanhado de alguns dos avanços técnicos mais impressionantes dessa geração de consoles. O grande irmão:"Uncharted 4" ainda é aquele jogo de aventura com um baita DNA de filmes de ação. São as explosões fora do normal, as fugas impossíveis e até os clichêzinhos do gênero e da própria série. Dá para saber quando vai rolar uma emboscada, ou quando você pensa que encontrou o tesouro, só que não. A fórmula da série está lá, preservada.Mas pela primeira vez parece que o contexto de um "Uncharted" traz mais à mesa do que a ganância ou o simples desejo por aventura. A história do novo jogo certamente é a mais íntima e madura de toda a franquia, e afloresce vários aspectos da personalidade de Drake que não haviam aparecido até então.O grande responsável pelo peso dramático é Sam Drake, irmão de Nathan que era dado como morto. Sam retorna com um pedido tentador: tirar o caçador de tesouros da merecida aposentadoria para retomar a busca da fortuna perdida do pirata Henry Avery.A relação entre os dois é muito forte, apesar da separação de 15 anos, e ajuda a tirar a trama de "Uncharted" da unidimensionalidade de antes. Com Sam em quadro, o jogador consegue entender melhor Nathan, como seu sarcasmo é um mecanismo de fuga para traumas de infância, e ver uma faceta inédita do herói: obcecada, egoísta, capaz de tomar decisões que não priorizam quem mais o ama.
Drake ainda mata sem escrúpulos e faz o que for preciso para atingir o que ele e seu irmão querem – isso continua surreal e pode significar a destruição total de um palácio milenar na Itália. Nesse sentido, o desenvolvimento de personagem de "Uncharted 4" não chega perto da complexidade de Lara Croft em "Tomb Raider" (2013), se for para compararmos dois games com temáticas similares.
Mas essa nova abordagem tira Nathan do pedestal e transforma o protagonista em uma figura mais palpável, humana e com falhas. E esse tipo de sofisticação promove o enredo de "Uncharted 4" de um filme de Sessão da Tarde para uma narrativa mais moderna.Caçadores da arca perdida:A jornada de Drake e Sam dura mais de 15 capítulos e passa por diversas partes do globo, fazendo de "Uncharted 4" aquela boa e velha turnê mundial em um cardápio belíssimo de paisagens exuberantes.
Os irmãos Drake partem de uma prisão no Panamá, passam por desfiladeiros na Escócia e chegam até a ilha, ilha do amor, Madagascar. E apesar de "Uncharted 4" não ter momentos tão emblemáticos como os outros jogos (o trem descarrilado de "Uncharted 2" continua sendo imbatível), ele traz um equilíbrio muito saudável de exploração e ação, mantendo sempre o nível de ambos lá em cima.
A sensação de descoberta é muito valorizada o tempo todo graças ao tamanho dos novos mapas. Praticamente todas as fases podem ser percorridas por mais de um caminho, seja ele uma rota na selva ou uma escalada na caverna. Por mais de um momento eu me peguei querendo subir em alguma torre ou escombro só para tentar achar tesouros, que continuam espalhados em centenas no novo game.Essa amplitude alivia aquela sensação de andar em linha reta que os outros "Uncharted" têm, além de dar aos cenários do jogo uma sensação inédita de selvagem, de inabitado, de visitar cantos ermos do mundo.Novas possibilidades:A nova disposição das fases também beneficia a forma como você encara os trechos de tiroteio. Apesar de nunca ter sido unanimidade entre os fãs, atirar e entrar em conflitos armados em "Uncharted" nunca teve tantas possibilidades. A dimensão dos mapas permite que Nathan encare um grupo de inimigos por vários lados, usando a força bruta de sempre ou privilegiando a maior ênfase nos elementos de "stealth".Não dá para dizer que agora é possível bancar o Hitman para passar indetectado por algum trecho de "Uncharted 4". Você basicamente pode marcar os inimigos que avistar e usar a grama alta para se esconder e surpreender algum adversário com um nocaute. Mas é divertido poder eliminar pelo menos parte de uma tropa na surdina, para depois encarar o resto na bala.Vários dos obstáculos em que Nathan se esconde dos tiros são destrutíveis, então é preciso se movimentar sempre para ficar em segurança. E a inclusão da corda com o gancho ajuda a fugir de alguma emboscada e cruzar o mapa com facilidade e agilidade. Esse é seu principal uso prático em "Uncharted 4", já que nas cenas de exploração ele está inserido em cenas pré-programadas.E nesse jogo terá muitas aventuras ncríveis,espere para vê.
Fonte:G1
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