Em abrigos, atingidos por cheia no AP se recusam a voltar para casa
Enchente atingiu mais de 600 pessoas que estão espalhadas em 3 abrigos.
Prefeitura de Ferreira Gomes decretou situação de emergência.
Famílias atingidas pela cheia do rio Araguari,Ferreira Gomes, a 137 quilômetros de Macapá, recusam-se a voltar para as casas quando a água baixar. Elas estão em três abrigos improvisados pela prefeitura e aguardam o nível do rio diminuir para tentar recuperar o que ainda restou. A enchente teria sido causada pela liberação do excesso do volume de água nas obras da hidrelétrica Cachoeira Caldeirão, que abriu parte de uma das ensecadeiras da construção, estrutura usada para proteger projetos em áreas submersas. De acordo com a prefeitura, mais de 600 pessoas foram atingidas pela cheia. A cidade está em situação de emergência.
Uma das vítimas da cheia é a dona de casa Maria José Tavares, de 54 anos. Ela foi para a escola João Freire Cordeiro, um dos três colégios usados como abrigo em Ferreira Gomes, e afirma não querer mais voltar para onde morava, na orla da cidade, às margens do rio Araguari.
“A água tomou nossas casas muito rápido e não deu tempo de salvar quase nada. O que consegui salvar cabe dentro dessa bolsa. Nossa casa está no fundo e ficamos sem lugar para ir. Vou ficar no abrigo até procurar uma outra casa”, disse a mulher, ao lado dos filhos e netos no corredor do colégio.
A dona de casa Tatiana Silva, de 23 anos, contou que saiu às pressas do local onde morava com o marido e dois filhos, de 3 e 5 anos, para procurar um lugar seguro.
“Em 20 minutos o nível da água cresceu mais de um metro. A gente não tem tanta coisa e perder assim em minutos é muito sofrido. Para eu conseguir salvar alguns pertences, foi preciso andar com a água na altura do pescoço para pedir ajuda a alguém com canoa. Agora eu não quero mais voltar. O jeito é ir para outro lugar com a minha família”, lamentou a mulher, abrigada em uma das salas da escola João Freire Cordeiro.
Segundo a prefeitura de Ferreira Gomes, 117 famílias foram atingidas pela cheia no rio Araguari, correspondendo a 603 pessoas. O município decretou situação de emergência na noite de quinta-feira (7).
“Fomos surpreendidos pela enchente e perdemos tudo em poucos minutos. Não tenho mais nada. Só consegui salvar documentos e algumas roupas. O que me deixa mais preocupada é não saber para onde ir”, disse a dona de casa Nelma dos Santos, de 31 anos, também abrigada em um colégio.
A cheia inundou a orla atingindo a parte baixa e o Centro da cidade nesta quinta-feira. A energia elétrica chegou a ser interrompida na região, mas foi reestabelecida em parte da cidade. Uma casa construída em uma ilha foi levada pelo rio e uma balsa ficou à deriva.
Famílias que perderam tudo ou parte das casas estão sendo encaminhadas para as escolas Jaci Torquato e Maria Iraci Tavares. Equipes da Defesa Civil estão atuando na retirada das pessoas. A Polícia Militar e Polícia Técnico-Científica do Amapá (Politec) disseram que não há informações sobre mortos.
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